31 de janeiro de 2014

Consulta com o GO cesarista e fotos da barriga



Eu moro na Gringolândia há quase 2 anos e sempre digo que tem um monte de coisas que no nosso querido Brasil Varonil é melhor e outras que lá é melhor. Parir lá é melhor demais. Mas demais mesmo! Demais da conta como se diz na minha terra natal, onde meus pais moram. Sim, quero falar de parto. É porque acabei de chegar de uma consulta com o médico “muito gente boa, o GO queridinho da clínica”, o GO que atende a minha irmã.

Eu nasci em Goiânia onde a minha família mora, e se o pensamento dos ginecologistas e das demais pessoas no Brasil inteiro é retrógrado e cesarista, aqui em Goiânia deve ser cem vezes pior. Na clínica que fui atendida havia um médico que fazia parto normal, e ele era o GO da minha irmã, mas no ano passado ele deixou de atender lá. E agora só tem cesarista, e é muito triste. Mas eu tinha que ir em uma consulta com algum GO por aqui a pedido da minha GO na Gringolândia, então pode ser com o queridinho cesarista, é só uma consulta mesmo.

Chego lá e de início a recepção é aquela bagunça. Tinha cerca de cinco recepcionistas, todas elas conversando entre sim, em alguns momentos elas falavam mal das recepcionistas do outro turno. Não havia cadeiras suficientes para todos os pacientes que aguardavam a consulta com os especialistas. Eu paguei uma consulta particular e o atendimento era por ordem de chegada. Tinha 6 mulheres que chegaram na minha frente, então eu fiquei lendo enquanto não me chamavam. Uma das atendentes chamou um montão de gente, e eu não ouvi chamar meu nome. Continuei lá lendo. Depois de muita demora fui perguntar e a moça me disse que já tinha chamado o meu nome há muito tempo. Ok, falha minha em não prestar atenção quando chamaram, mas eles também são muito desorganizados!

Daí entro pra consulta com o médico. Ele foi bem atencioso e educado, leu todo o meu histórico que eu trouxe da Gringolândia, com todos os exames e consultas que fiz. Achei bem legal que o inglês dele é ótimo, e desde o início da conversa ele percebeu que eu sou uma paciente bem informada, que eu sei o dia que ovulei, sei sobre implantação do óvulo e outras coisas. E por isso ele conversou bem de igual pra igual, foi tudo ótimo até ele dizer o seguinte
“Então como você mora nos Estados Unidos terá que ter parto normal lá, heim?! Não terá outro jeito”.
Eu disse: “Se Deus quiser será normal mesmo, doutor! Estou bem feliz com isso, espero que seja normal, como tem que ser em qualquer outro lugar do mundo. Realmente lá a cesária é só em caso de necessidade”.
Daí ele solta “Ah, mas você sabe que a cesária é SEMPRE melhor e mais seguro pro bebê”. Bla-bla-bla e algo sobre ter que monitorar muito bem a gravidez pro parto normal ser seguro.
Ahhhh!!! Daí eu respirei, contei mentalmente até 10 e disse: “Doutor, é melhor a gente nem conversar sobre esse assunto porque eu estou voltando pra Boston em 15 dias, espero mesmo que eu não tenha que dar a luz aqui. E se eu tivesse sei que seria bem difícil ter que procurar um médico pra fazer e tudo mais. O fato é que os Estados Unidos são um país mais desenvolvido que o Brasil, e tanto lá quanto em outros países ricos a taxa de cesárea é bem menor que a do Brasil.”

Ele concordou que era melhor mesmo mudar de assunto, depois disso ficou tudo bem, ele ouviu os batimentos cardíacos da Sementinha, que estão normais na média de 145 por minuto, mediu a minha barriga que tá com 20 cm e minha pressão, que tá normal.

Saí de lá com aquela certeza que eu serei muito mais bem assistida na Gringolândia que aqui, e pensando que é ótimo eu parir lá.

E por falar em partos, há algum tempo estou lendo muito sobre a ocorrência de cesárias nos Estados Unidos e em outros países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a taxa de cesárias não ultrapasse 15%. No Brasil a taxa total é mais de 50%  e nos hospitais particulares do país elas ultrapassam 80% dos partos. Nos Estados Unidos essa taxa foi de 21,5% em 2012. Desde a década de 1960 o número de cesáreas cresceu muito nos Estados Unidos, e isso preocupa muito o país. Aliás, esse crescimento é um dos principais fatores, junto à obesidade, apontados por pesquisadores para o aumento no número de mortes em mulheres gestantes. 

Aqui no Brasil temos a maior taxa de cesárea do mundo, uma das maiores taxas de nascimento de prematuros. Assim como a taxa de cesáreas é grande, a taxa de morte de grávidas e de bebês também é maior que em outros países.

É óbvio que o procedimento cirúrgico é necessário em algumas circunstâncias, não questiono isso de jeito nenhum. Mas um médico dizer que a cesárea é sempre melhor pra mãe e pro bebê? Como assim, se há tantos estudos científicos que comprovam o contrário? Como assim, se todos os países considerados desenvolvidos tem taxa de cesárea bem menor que a do Brasil? E o parto normal é recomendado pela OMS??

A Dra. Melania, uma famosa ginecologista da Paraíba escreveu uma lista de indicações reais e fictícias para se fazer uma cesárea, para ver basta clicar aqui.

Agora coloco aqui duas fotos do antes e do agora. Quanta diferença, heim! Hoje posso dizer que tenho uma barriga de pequena melancia. Além da barriga to com mais peito, quadril e bunda, onde se alojaram os quase 6 kg que ganhei até agora, e uma cor desbotada que até me assusta de ver.


26 de janeiro de 2014

Será que senti a Sementinha mexer?



Sentir o bebê mexer é o desejo comum a todas grávidas de primeira viagem no início da gravidez. Comigo não é diferente, é claro! Sou doida pra sentir a Sementinha. Sei que no final da gravidez sentir o neném é coisa mais que comum, mas agora no início é algo surpreendente, apesar de esperado.

Quando o embrião se implanta no útero, logo após a fecundação, essa implantação pode se dar na parte anterior ou posterior do órgão. É anterior quando o bebê está na parede do útero do lado da barriga, e a posterior é quando essa implantação é atrás, na parte que fica voltada pra nossa coluna vertebral. Quando é na anterior essa posição dificulta um pouco pra gente sentir os chutinhos e mexidas. É claro que as mamães sentem, principalmente no terceiro tri, mas geralmente sentir a primeira mexidinha demora mais. E advinha qual é o tipo de implantação que a Sementinha escolheu? É claro que é a anterior!

Mas eu sempre fico atenta, buscando sentir aquela mexidinha que não seja do meu estômago ou intestino. Principalmente quando vou deitar na cama a noite, ou de manhã antes de me levantar, fico bem quietinha esperando aquele “bom dia” ou “boa noite” especial, na forma de chutinho. Mas nada de sentir...

Até que eu estava com o maridex visitando uma grande amiga minha e seus pais. Fomos tirar uma foto com todos juntos e na hora de tirar a foto senti algo bem do lado direito do meu ventre. Parece que era bem pertinho do meu corte da apendicectomia. Eu não tenho certeza se foi mesmo a Sementinha que eu senti, mas na hora eu falei para a minha amiga e seus pais. A mãe dela me disse que deve ser mesmo o que eu senti, fiquei tão feliz! E eles ficaram bem contentes e orgulhosos por ter sido na casa deles.

Isso se deu há duas semanas atrás, e até agora não senti mais nadica de nada. Será que o que eu senti foi mesmo a minha Sementinha? Prefiro achar que sim, e to aqui esperando sentir mais vezes, até as mexidas ficarem tão fortes que outras pessoas possam sentir também, com a mão na minha barriga de pequena melancia.

17 de janeiro de 2014

Sobre a saudade que tenho do Brasil

Agora que estou passando uma temporada em terras brasileiras estou pensando muito sobre o meu país, voltar a morar aqui. Eu e maridex temos planos de morar aqui, ainda não definimos, mas deverá ser daqui a uns 2 ou 3 anos. Há algumas semanas atrás vi uma lista que um americano, que é casado com uma brasileira e morou por 3 anos em São Paulo, escreveu sobre os 20 motivos que fizeram ele odiar viver por aqui. Essa lista deu muito o que falar nas redes sociais e me fez começar a pensar muito sobre o Brasil. Se quiser ver a lista é só clicar aqui. Eu concordei com muitos pontos que ele colocou, mas tem muita coisa que pra mim e pro meu maridex gringo não representa problema de forma alguma. Tem pontos que o tal gringo reclamão colocou que em outras partes do país não são tão graves, outras são piores. É que existem vários Brasis no Brasil.

Eu fiz um curso intensivo de inglês por 2 semanas na Gringolândia antes mesmo de me mudar pra lá. Havia na minha turma um sueco, uma espanhola, uma russa e um carioca. Sempre o professor perguntava sobre os nossos respectivos países, e nessas horas eu discutia um pouco com o carioca. Ele era muito jovem, de família bem rica, os pais tinham uma casa gigante em Petrópolis, e o Brasil que ele conhece é um Brasil de poucos, de pessoas que pagam mais de R$ 150 pra se divertir numa boate toda semana. De acordo com ele, no Brasil "todo mundo tem caseiro em casa", além da empregada doméstica. Ah, quando ele disse isso eu não consegui ficar calada e expliquei que não era bem assim.

Já na Suíça conheci uma brasileira de um outro Brasil. Ela trabalhava como madeireira na Amazônia de forma ilegal, lá ela foi casada com um bandido, depois de se separar ela conheceu um suíço que passava férias na Floresta e eles se casaram depois de um tempo. Hoje ela mora com ele uma parte do ano lá. Ela é uma figura super excêntrica, lá ela fala pra todo mundo que "no Brasil as pessoas andam com faca" pra se proteger. Eu disse a ela que a realidade em outras partes do Brasil é bem diferente, que não é bem assim, por isso ela não pode generalizar e falar essas coisas. O mais estranho é que ela fala com todo mundo em português, porque ela ainda não aprendeu nada de inglês ou alemão, e o marido suíço prefere assim por motivo de ciúmes. Então o marido sempre está perto pra traduzir as coisas pras outras pessoas. 

Estou refletindo que a minha realidade no Brasil é muito boa. Aqui tenho apartamento próprio, meu emprego está garantido para sempre porque sou funcionária pública federal. Nada dessas coisas nós temos na Gringolândia. Mas o que mais está me fazendo ter essa vontade louca de voltar pro Brasil é a fazenda da minha família. É engraçado porque desde criança eu sempre queria viajar para lugares diferentes. Mas a minha família nunca viajava, porque só íamos pra fazenda, todo fim de semana, férias e feriados. Por isso quando eu era adolescente eu tinha uma raiva de ter que ir só pra fazenda, nunca poder ir pra outro lugar. Daí eu cresci, fiquei independente, tive meu próprio dinheiro e comecei a viajar o mundo. Numa dessas viagens conheci o maridex, casamos e eu me mudei pra Gringolândia. E agora estou indo pra fazenda com a minha sobrinha Alice, de 1 ano e 2 meses. Lá ela tem até uma botina nos pés, anda e corre pra todo lado, pega goiaba fresquinha no pé pra comer, aprendeu a comer espiga de milho cozida sozinha, já tomou banho de chuva e adorou, brinca com os cachorros, faz carinho nos bezerros, dá comida pros porquinhos e faz um monte de outras coisas que a Sementinha poderá fazer também. Mas morando na Gringolândia não teremos nada disso.

É claro que lá tem várias vantagens também. Pra começar a Sementinha deverá nascer com respeito, na sua hora, sem eu ter que buscar por um médico não cesarista. Temos 4 estações do ano super bem definidas, temos segurança pra andar na rua sem risco de ser assaltado como temos aqui... Fico pensando que em qualquer país que a gente viva, sempre estaremos perdendo as vantagens do outro país e estaremos longe de uma das famílias e de vários amigos.

Acho que com a minha gravidez estou ainda mais saudosa do Brasil, e o pior é que estou no Brasil agora vivendo essa crise! No ano passado quando eu vim também me deu muita saudade da minha terra, mas agora tá bem pior.

9 de janeiro de 2014

20 semanas: como estamos pós cirurgia de apendicite

Bom, pra começar, eu, Sementinha e maridex estamos no Brasil, e tá sendo tudo de bom! Muito calor, enquanto Boston está com sensação térmica de -25º C. Ah, que bom que escapamos da friaca! Maridex tá feliz aqui, mas suando mais que tampa de panela.

Aqui no Brasil temos 3 casas: o meu apartamento, que fica em uma cidade, a casa dos meus pais que fica em outra cidade (3 horas de viagem de carro de uma pra outra) e a fazenda dos meus pais, que é um lugar muito especial pra mim e minha família, mas ainda não faz parte totalmente do mundo do maridex. Ele está aqui no Brasil só por 16 dias e nesse tempinho temos que ir nessas 3 casas, ver um montão de gente e curtir o máximo possível. Mas infelizmente não dá tempo de visitarmos juntos outros lugares, conhecer cidade nova. Ele vai embora em breve e eu ainda ficarei até metade de fevereiro.

A apendicite foi um susto enorme, uma coisa muito doida que eu nunca imaginei que aconteceria comigo. Mas correu tudo bem, como já disse antes fui super bem cuidada, no hospital não só tratada com respeito, mas com carinho até, por todos os profissionais. Os 2 primeiros dias após a cirurgia foram de muita dor. Eu não queria tomar analgésico então a primeira noite eu nem dormi direito por causa da dor. Na segunda noite eu já tomei e foi melhor. Vi que um corte de 5 cm na barriga me deixou bem acabada por algum tempo, isso me deu ainda mais certeza que quero mesmo parto normal! Por mais que se tenha laceração, ela sendo na perseguida é mil vezes melhor que um cortezão na barriga, minha gente! E olha que eu estava com os 5 cm de corte, mas sem bebê pra carregar, sem ter que dar banho nela, trocar fralda, amamentar... Agora que não entendo mesmo como a maioria das brasileiras escolhem ter cesária. Eu peço a Deus que eu nunca mais tenha que fazer uma cirurgia!

Depois do terceiro dia pós cirurgia dia eu já estava melhor, mas ainda andava meio curvada e tinham momentos difíceis: tossir, gargalhar e espirrar. É que na primeira semana tudo isso me dava muita dor no local do corte. Quando um espirro queria vir eu segurava e evitava o danado. Se alguém me dizia algo engraçado eu tinha que me segurar pra não rir. Teve um dia que me deu ânsia de vômito e doeu muito também, daí decidi que não ia enjoar mais! De fato, depois que chegamos no Brasil eu enjoei só 2 vezes. Aos poucos fui voltando ao normal. Quando viajamos pro Brasil eu já estava operada há 8 dias, a viagem foi cansativa como sempre é, mesmo antes de eu engravidar e operar. Como eu não podia carregar peso, o maridex carregou tudo como meu escravo particular.

A minha cicatriz não está muito feia, o cirurgião fez um ótimo trabalho na hora de costurar, mas é claro que eu preferiria não tê-la. Tenho medo dela ficar horrível por causa da barriga que tá crescendo, mas to passando óleo anti cicatriz e estria, e por enquanto é isso. Maridex acha charmoso e ele me convenceu que essa é uma marca minha que me deixa mais "interessante".

E por falar em barriga crescendo, eu que sempre fui muito magrinha já passei dos 60 kg. Estou de 20 semanas e com 5 kg a mais! Eu sempre quis ganhar pouco peso na gravidez, mas vi que não depende só da alimentação. Nos 3 primeiros meses ganhei bastante peso com a mesma alimentação que tinha antes, aliás, eu estava comendo quase nada de açúcar porque me dava enjoo, e ainda assim e balança subiu bastante. De acordo com a minha  GO  quem é muito magra ganha muito peso no início da gravidez porque o corpo entende que tem que fazer uma reserva. Então eu não tinha reserva nenhum e agora tenho de sobra! Mas ainda tendo engordado a barriga demorou a aparecer. Agora que estou aqui no Brasil, chutei um pouco o pau da barraca. Na fazenda chupei manga até ficar amarela, comi todas as sobremesas que a minha mãe fez (ela é cozinheira de mão cheia), fizemos pamonha assim fresquinha do milho recém colhido, fizemos almôndegas com a carne fresquinha de vaca, tudo muito gostoso e feito com tanto amor. Desse jeito não tem como não comer muito! Agora estamos encontrando amigos todos dias, cada dia um restaurante diferente, e novamente, não tem como evitar pudim de leite, arroz carreteiro, e toda sorte de pratos bem brasileiros. Delícia de se comer!!!

Assim como as minhas peitolas, que cresceram  de um dia pro outro, a minha barriga também deu o ar da graça da mesma forma. Ela ainda não tá muito grande, apesar de achar que eu engordei muito, ontem usei um vestido tamanho Zero (tamanho dos USA), mas sei que foi a última vez que pude usar esse vestido, pelo menos até a Semetinha nascer. Muita roupa minha já não cabe, a minha irmã já me disponibilizou todas as suas roupas de grávida e eu ainda quero comprar algumas. 

Ah, e o cansaço veio com tudo e ficou! Agora de férias to tirando cochilo depois do almoço quase todos os dias, acho que o calor daqui contribui também pra essa preguicinha.  Eu que já amava dormir, agora gosto ainda mais.

A melancia tá crescendo, redondinha e linda, apesar do corte de 5 cm!