Assim tem sido os nossos dias e noites, uns melhores e outros piores. Sei que tudo tem o seu momento e que a Monstrinha tá crescendo, tudo muda muito todos os dias. Tenho uma teoria que formulei nos últimos dias: se um dia (ou noite) foi muito melhor que a média, o seguinte não será tão bom. E se um dia (ou noite) foi muito pior que a média, aguarde que o próximo será melhor.
Hoje quero contar como foi um dia muito ruim, o pior que já tive com a Liana, o dia que eu chorei com ela chorando no meu colo. Pra isso vou começar contando como foi o dia anterior.
Uma colega do Brasil estava aqui em Boston com mais 2 amigas brasileiras e eu, maridex e Liana fomos passear com elas. Era um domingo lindo e ensolarado, nos encontramos com elas no início da tarde e ficamos passeando até 9 da noite. Andamos muito, lanchamos, andamos mais, conversamos, jantamos e durante todo esse tempo a Monstrinha quase não dormiu, estava super alerta, sorridente, mamava no peito enquanto eu caminhava, trocamos a sua fralda até no meio da calçada e ela estava linda e contente. As meninas ficaram encantadas com ela, em como ela é boazinha, quase não chora, é tão alerta e fofa.
No dia seguinte 2 das meninas foram fazer um passeio de barco e como a minha colega não quis ir, eu e Liana a acompanhamos num passeio ao Museu de Finas Artes de manhã. No início estava correndo tudo bem, a Liana chegou a cochilar no sling enquanto eu caminhava. No museu tudo ainda estava tranquilo, mas a Liana não dormiu lá. Saímos do museu para almoçar e ela começou a ficar muito agitada, não queria peito, chorava. Antes de irmos a um restaurante japonês eu consegui amamentar um pouco e ela se acalmou. Durante o almoço a agitação recomeçou. Eu ainda não tinha terminado de almoçar e tive que ficar de pé balançando a Liana. Era o único jeito para fazer ela parar de chorar. Fui ficando nervosa, afinal sempre achei muito chato estar num restaurante e uma criança ficar chorando. E agora essa criança chorona era a minha, e eu não conseguia fazer ela se acalmar. Peito ela rejeitava, e chegou um momento que nem balançá-la de pé resolvia. Paguei a minha conta rapidamente e corri, ou quase fugi do restaurante.
Fiquei na calçada esperando a minha colega sair. E ela demorou muito. Eu já estava desesperada, não sabia mais o que fazer. Depois de almoçar eu deveria encontrar o maridex pra irmos juntos fazer o pedido do passaporte americano da Liana. Mas daquele jeito não daria. Eu estava desesperada e liguei pro maridex, pedi pra ele nos encontrar lá para ele me ajudar e só depois que ela melhorar irmos resolver o passaporte. Assim que eu desliguei o telefone uma guarda de transito veio conversar comigo. Ela foi um anjo que Deus mandou pra me ajudar. Bom, é assim que eu penso, mas com certeza o dono do carro que ela tinha acabado de multar por estar estacionado irregular não pensa assim.
Ela me cumprimentou, olhou pra Liana e conversou com ela, disse que ela era uma bebê linda, que ela se parecia muito comigo, que ela não precisava de chorar. Neste momento eu quase chorei e a Liana parou de chorar, até sorriu para a mulher. Ela não ficou mais que 2 minutos conosco, mas foi tão bom, porque ela conseguiu nos acalmar até a minha colega finalmente sair do restaurante. Eu a agradeci muito, e até hoje me emociono ao lembrar dela e da grande ajuda que ela me deu, talvez até sem perceber.
Como o maridex trabalha bem perto do local onde estávamos, rapidamente ele chegou. A minha colega ficou numa loja de departamento onde encontraria as suas amigas, maridex carregou a Monstrinha no colo enquanto fomos na agência de correios pra fazer o pedido do passaporte. Lá chegando a Liana mamou e dormiu nos meus braços. Voltei pra casa com ela e maridex voltou pro escritório.
Eu pensei que a Liana iria continuar calma no resto do dia, descansando, mas foi entrar em casa que ela se agitou novamente. Ela chorava e gritava. Eu que já estava muito abalada não aguentei, chorei junto com ela. Dei chupeta e ela não quis, peito não funcionava. Medi a sua temperatura e estava normal. Novamente pedi ajuda ao maridex, que saiu mais cedo do trabalho para acalmar as suas 2 choronas desesperadas.
Depois de muito carinho a Liana acalmou, dormiu no meu colo e foi pra cama. Nessa noite, depois de todo choro e ranger de gengivas, ela dormiu por 7 horas e meia. Ela nunca tinha dormido tanto em toda a sua vida fora do útero! E você que está lendo pode pensar que pra mim foi uma boa noite de sono, mas não. A verdade é que eu acordava apreensiva a cada meia hora esperando pelo momento de ela acordar e querer mamar. E depois de 5 horas sem amamentar meus peitos encheram de leite, ficaram duros como pedras e doloridos. Tive que levantar, ordenhar os 2 peitos e fiquei acordada até que a Liana acordou pra mamar. Até pensei em acordá-la, mas eu preferi esperar porque sabia que ela estava muito cansada e que como ela está crescendo muito bem não precisa de ser acordada pra mamar.
Fico pensando se tudo isso foi um pico de crescimento ou desenvolvimento, se foi cólica, ou simplesmente cansaço. Difícil saber com certeza, talvez tenha sido tudo isso junto e combinado. Aqui na Gringolândia eu ouvi diversas vezes que ser mãe é viver dias longos e anos curtos. Deve ser mesmo. Ontem a minha filha completou 3 meses. Como passou rápido! Essa é a minha impressão, mesmo eu tendo vivido dias e noites bem longos.
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Os dias difíceis são superados quando eu vejo este sorriso lindo da minha filha |