Entre a minha família e amigos todos admiram a
história da minha irmã que nasceu prematura. Ela foi quase dada como morta, quando nasceu cabia na palma da mão do meu pai, e ele sempre conta isso pra todo mundo com o maior orgulho.
Eu sou a mais velha dentre as 4 irmãs e ela é a terceira da escadinha. A diferença de idade entre nós duas é de pouco mais de 6 anos, e infelizmente eu me lembro de quase nada da época do seu nascimento. Por isso muita coisa nunca foi clara pra mim, mas durante uma viagem de carro que fiz com a minha mãe, só nós duas, enquanto eu dirigia perguntei algumas coisas e ela me esclareceu sobre como foi tudo. Agora quero dividir um pouco aqui com vocês.
Eu sou a mais velha dentre as 4 irmãs e ela é a terceira da escadinha. A diferença de idade entre nós duas é de pouco mais de 6 anos, e infelizmente eu me lembro de quase nada da época do seu nascimento. Por isso muita coisa nunca foi clara pra mim, mas durante uma viagem de carro que fiz com a minha mãe, só nós duas, enquanto eu dirigia perguntei algumas coisas e ela me esclareceu sobre como foi tudo. Agora quero dividir um pouco aqui com vocês.
A minha mãe perdeu 5 bebês ao total, 4 deles
antes do meu nascimento. É por isso que eu me chamo Rita de Cássia, em
homenagem à Santa das Causas Impossíveis, já que todo mundo achava que era
impossível vingar algum bebê saído do ventre da minha mãe. Dá pra perceber que
ter problemas em gestações foi
algo que ocorreu muito na minha família. Mas em 1989 os meus pais já tinham 2
filhas e esperavam por um terceiro bebê, que deveria nascer na metade do mês de
maio. Mas já em fevereiro a bolsa estourou. De acordo com a minha mãe ela
permaneceu com a bolsa rota por cerca de uma semana. Seu ginecologista disse
que ela teria que permanecer em repouso, mas com duas crianças de 6 e 4 anos em casa e um
marido ausente que nunca ajudou nos afazeres, não dava pra ter repouso algum.
Foram dias de muitas dores, contrações, até que no dia 23 de fevereiro ela percebeu que a bebê ia mesmo nascer. Ela
estava com cerca de 28 semanas de gravidez. No hospital ela teve um parto
normal e foi atendida por um obstetra que não era o seu médico. Basicamente o
cara era um cavalo, de tão grosso. Quando ela nasceu esse tal médico duvidava
que a neném poderia sobreviver e deixou isso muito claro, assim na frente da
mãe. Até que uma enfermeira disse que a bebê respirava e mexia os olhinhos. Ela
tinha 1,1 kg e o hospital não oferecia as condições necessárias para cuidar dela. Por isso ela
foi levada para ser encubada no Hospital Materno Infantil.
Nesse hospital ela ficou internada só por 2
dias. Eu me lembro de ficar dentro do carro com o meu pai na porta do hospital
enquanto a minha mãe estava lá dentro com a minha irmãzinha que tinha recém
nascido. Lembro que eu fiz muitas perguntas ao meu pai. O fato é que a minha
mãe viu formigas passeando pelos aparelhos que estavam ligados ao nariz da
minha irmã. Ela aprontou um escândalo para tirar a bebê de lá. Meus pais foram
taxados de loucos e assassinos pelos médicos e tiveram que assinar um termo de
responsabilidade para poder levá-la pra casa. E assim fizeram. Mas eles tiveram
o apoio total do GO da minha mãe e da pediatra da família que passou muitas
informações para a minha mãe.
A coisa mais louca e maravilhosa é que a minha
irmã se alimentava única e exclusivamente com leite materno. Ela era muito
pequena para sugar o peito, então a minha mãe, que em todas as gravidezes era
quase como uma vaca leiteira, ordenhava manualmente seu leite e dava para a
minha irmã com uma mamadeira pequena.
Ainda hoje algumas pessoas dizem que a minha
irmã é a “menina do algodãozinho”, porque ela ficava em uma pequena cesta
coberta de algodão. Mais tarde, depois de ela ir pro berço, eu usava essa mesma
cesta para colocar algumas das minhas bonecas para dormir.
Quando a minha irmã tinha apenas 11 meses a minha mãe descobriu que estava grávida da quarta filha. Isso foi completamente inesperado e deixou a minha mãe se sentir um pouco culpada por ter que parar de amamentar antes do que ela planejava e ter que dividir a atenção dela com outro bebê. Mas tudo correu muito bem, pelo menos é assim que vemos atualemente quando olhamos pra trás.
Hoje é o aniversário de 25 anos da minha irmã,
a mais guerreira de todas. Ela mora sozinha, é estudante de medicina em uma Universidade Pública e se formará em dezembro. Ela sempre dizia que não havia se decidido com absoluta certeza pela residência que ela queria fazer, mas agora é oficial, ela será pediatra -
o que todos desde o início achamos que tem tudo a ver com ela. Tenho certeza que ela será uma ótima profissional, assim como ela é uma pessoa incrível, tão atenciosa com todos. Ela sempre foi uma criança
muito conversadeira, falava pelos cotovelos, e é a minha irmã preferida por
todos os meus amigos. Todos a adoram, e antes de eu engravidar o maridex já
tinha me falado que gostaria muito de chamá-la para ser a madrinha da nossa
primeira criança. Nós perguntamos a ela e, claro, ela aceitou ser a madrinha da
Sementinha, o que nos deixa muito honrados e felizes.
Ela nem sabe que eu tenho este blog, mas aqui deixo um feliz aniversário pra ela, esta pessoa a qual é tão fácil de gostar, que eu admiro tanto, e que em breve será também a minha comadre.
Ela nem sabe que eu tenho este blog, mas aqui deixo um feliz aniversário pra ela, esta pessoa a qual é tão fácil de gostar, que eu admiro tanto, e que em breve será também a minha comadre.
Uau, que história! Hoje em dia já é complicado sobreviver um bebê tão prematuro, imagina 20, 30 anos atrás... Parabéns para a sua mãe! Não deve ter sido nada fácil. Queria ter visto uma foto da sua irmã RN, devia ser minúscula :) Beijos, Paty (Conversando com Bernardo)
ResponderExcluirOi, Paty! Obrigada! A minha mãe foi muito corajosa e forte mesmo. Mas é interessante que ela nunca deixou alguém tirar foto da minha irmã antes de ela se parecer com um bebê "normal". Ela sempre foi meio superticiosa e tinha seus motivos pra não querer fotos. Acho que se fosse hoje em dia teríamos fotos sim, todo mundo tira milhões com seus celulares, mas na época era diferente.
ExcluirBeijos!
Ah Rita, que história bonita!
ResponderExcluirEu adoro essas histórias!
Já passei por isso, minha melhor amiga, desde a barriga, desde criança, teve uma filha prematura de 28 semanas...minha afilhada tão esperada e amada, que eu fiquei esperando 77 dias para poder ver e pega-la no colo pela primeira vez. Foram 77 dias na UTI...dias dificeis, complicados, de luta e uma grande vitória no final!
Daqui uns dias ela já está fazendo 1 ano e se a gente olha assim, ela tão linda, grande, feliz, sorridente, nem parece quele bebê frágil de 1,200 kg!
Essas são as pessoas mais fortes!
Parabéns pra sua irmã!
Beijoooo
Oi, Nicole! Que bom que a sua afilhada está bem! Acho que as dificuldades fazem a gent emais fortes, e os prematuros já passam por uma luta tão grande pela vida desde o primeiro segundo. Isso faz deles sim pessoas fortes.
ExcluirBeijos!
Que lindo, Rita! :)
ResponderExcluirObrigada, Laura!
ExcluirNOssa Rita sua mãe foi uma guerreira mesmo, ainda mais naquela época com tão pouco recursos. Legal sua escolha para Madrinha, imagino que sua irmã deve ter ficado imensamente feliz. bjão
ResponderExcluirOi, Francine! Os recursos que tínhamos em casa era mesmo o amor... A minha irmã ficou feliz sim com o nosso pedido. Beijos!
ExcluirNuossa... De arrepirar... Historias de prematuros são muito intensas para mim porque eu passei por algo, mas nasci de 43 semanas. Quase morri, tive falta de oxigênio... Mas olha eu aqui, 37 anos depois... E feliz. Parabéns à sua irmã. E um bjao pra vcs!! Bjs
ResponderExcluirOi, Jorge! No seu caso foi o contrário, né?! Também uma história forte! Beijos pra vocês!
ExcluirParabéns pra sua irmã, que lindo esse texto e seu orgulho por ela....
ResponderExcluirGuerreira sua mãe e guerreirinha sua irmã.
Obrigada, Mariana! Beijos!
ExcluirQue duas guerreiras!!! Antigamente os hospitais não tinha estruturas como hoje e olha só, sobreviveu e hoje esbanja saude...
ResponderExcluirTenho certeza que será uma ótima profissional.
Beijos e uma ótima semana!
Caio, o melhor presente
Oi, Thaty! Obrigada! Ela será sim uma profissional excelente! Beijos
ExcluirEu tb sou prematura, de 30 semanas e de tanto minha mãe contar tdo que passou tinha pavor de Lorena nascer prematura, embora saiba que hoje os recursos são outros.
ResponderExcluirParabéns para sua irmã!!
Beijos
Suzy, com certeza a sua mãe passou por uma barra tendo você prematura! E eu entendo esse seu medo, porque eu também tenho uns medos que vem do que a minha família já passou. Beijos!
ExcluirNossa que história mais linda
ResponderExcluirde superação e amor na sua família ;)
E que profissão mais linda ela escolheu
com certeza vai ajudar a salvar muitas vidinhas ;)
bjãooo
Oi, Agueda! Mesmo antes de começar a faculdade eu jápensava que ela seria pediatra. Ela tem tudo a ver com essa profissão. E pra Sementinha será ótimo: uma tia madrinha pediatra! Beijos
ExcluirNuh! Me emocionei.
ResponderExcluirMenina do céu, quase chorei.
Irmã e mães guerreiras. Que sua irmã siga em frente com muito amor nesta profissão.
Um beijo
Oi, Carol! É de emocionar mesmo! Muita luta pra um serzinho tão pequeno começando a vida fora do útero. Beijos!
ExcluirQue história linda, Rita! Parabéns pra sua irmã! Beijos!
ResponderExcluirObrigada, Talita! Beijo procê!
ExcluirUau que belíssima história! Mais lindo ainda e saber que ela será pediatra... e madrinha da sementinha... cuidado dobrado! parabéns pra ela!
ResponderExcluirBjokas
Obrigada, Determinada! Ah, ela será uma ótima madrinha! Beijos
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