25 de junho de 2014

Relato de parto - parte 1

Mesmo antes de engravidar eu sempre fui doida com relato de parto. Eu não me cansava de passar horas lendo relatos de todo tipo, alguns com violência obstétrica, outros só com o mais puro amor. Eu lia e pensava que um dia seria a minha vez de escrever como foi o meu parto. Mas eu nem imaginava como ele seria. Eu fiz o meu plano de parto quando eu estava no terceiro trimestre, mas sem nenhuma expectativa ou idealização.


No domingo, dia 25 de maio, véspera de feriado aqui, o dia foi bem cheio. Fui pra missa de manhã, almoço num restaurante chinês com os amigos, a tarde trabalhei na nossa horta com o maridex e os vizinhos. Nós plantamos mudas de couve, tomate, alface, rúcula, cebolinha e pepino. Não foi um trabalho super pesado pra mim, afinal os meus 3 companheiros de horta estavam fazendo quase tudo, mas ainda assim foi um bom exercício para uma grávida de 9 meses. Após terminarmos subimos para a nossa casa e ficamos conversando com os vizinhos, comendo queijos, eles bebiam whisky e eu água. Era cerca de 20:30 quando eu senti a primeira contração. Mas como tínhamos visita em casa e eu estava terminando de organizar o jantar, não dei muita bola. Mas contei que eu havia sentido uma cólica como a menstrual e forte, coisa que não havia sentindo em nenhum momento da gravidez. Comentamos que provavelmente não era nada demais. Além da cólica o meu ciático dava umas pontadas super doloridas, então assim que os vizinhos foram embora eu fui usar o banheiro e lavar meus pés. Lavando os pés resolvi encher a banheira com água quente para aliviar meu desconforto. Água quente nas pernas, quadril e barriga, que delícia!


Eu prestei atenção no que estava acontecendo no meu corpo. Eram as esperadas contrações! Eu estava em trabalho de parto! Sai do banheiro, eu e maridex jantamos e começamos a cronometrar as contrações no aplicativo que eu já tinha no celular. Elas estavam vindo em intervalos irregulares e duravam mais de 1 minuto cada. A média de duração dos intervalos era de 7,5 minutos. Carambolas! Vendo isso pensamos que o TP seria bem curto, em breve teríamos que ir pro hospital. Ledo engano...


As contrações doíam, mas era suportável. Eu imaginava que elas seriam meio parecidas com as contrações de reinamento que eu já vinha tendo desde a semana 33 de gravidez. Mas elas eram bem diferentes. Era como uma dor de uma cólica menstrual muito forte. Em toda a minha vida eu já havia sentido cólica menstrual com esta dor intensa 2 vezes. Mas são como uma onda, elas começam, dói por um minuto e do mesmo jeito que vem, elas cessam. Depois de jantar assistimos um episódio de The Good Wife e as contrações continuavam apresentando o mesmo padrão. Resolvemos arrumar as últimas coisas necessárias para irmos ao hospital, o maridex entrou no quarto para pegar o note book e a câmera fotográfica e eu fui pra dispensa pegar uma vassoura pra limpar a casa. Quando o maridex me viu varrendo a casa ele ão entendeu nada. Mas eu não podia deixar a casa suja e voltar com uma bebê. Ele então me ajudou e depois disso tentamos descansar.


Um de nós conseguiu descansar de fato. Maridex dormiu e eu fiquei na sala andando e rebolando na bola de pilates. Eu até tentava dormir mas as contrações e a ansiedade não deixavam. O cansaço era demais e eu sabia que precisaria ter energia para chegar até o fim, então resolvi ler um livro que não tivesse nada a ver com gravidez. Até que me deu muito sono e entre uma contração e outra eu dormia um pouco. Acho que até mesmo durante algumas contrações eu já estava conseguindo me manter dormindo. Foi assim até as 8 da manhã de segunda feira. As contrações ficaram bem mais espaçadas umas das outras, em até 30 minutos. Tomamos café da manhã e fui pro banho.


Percebi que fazia tempo que eu não depilava as minhas pernas, com a barriga essa tarefa era bem difícil. Então eu comentei que queria fazer antes de ir pro hospital e perguntei ao maridex o que o pessoal no hospital pensaria de mim se eu chegasse lá daquele jeito. E ele, muito sábio, me respondeu que eles pensariam que eu estava peluda, e só! Ahaha! Ele tinha razão, não era nada demais.


Para acelerar um pouco o TP resolvemos caminhar até o supermercado. Parecia que havia funcionado. No caminho de cerca de 12 minutos tive 2 contrações. Lá encontramos um casal de amigos com a sua filhinha e contamos a eles que eu estava em TP. Até aquele momento não tínhamos contado a ninguém. Nós decidimos que contaríamos a nossas famílias só quando estivéssemos indo pro hospital. Então só contaríamos a novidade aos amigos que nós encontrássemos pessoalmente.


E até aí era vida normal. Mesmo. Tínhamos sido convidados por um casal de amigos para almoçar com eles. Eu levaria uma sobremesa. Então antes de ir ao mercado eu já tinha feito um manjar de coco com calda de ameixa, só faltava desenformar e colocar a calda antes de ir. Acho que ficamos 2 horas por lá, conversando, todos contamos as contrações que estavam vindo em intervalos bem irregulares. Até hoje achamos engraçado eu ter feito uma sobremesa tão gostosa estando em TP.


Voltamos pra casa e no fim da tarde o negócio começou a ficar sério. Até aí eu tinha pensado: ok, se a dor é esta durante o TP inteiro, tranquilo! Mas não, as dores começavam a ficam mais intensas, intervalos foram encurtando e duração de cerca de 1 minuto. Era mais difícil achar uma posição que me desse alívio durante as contrações, eu variava entre ficar de cócoras, sentada na  bola, de pé ou me apoiando com braços contra a parede ou pendurada no pescoço do maridex.

A última selfie que fiz grávida - nessa hora as dores já eram fortes, mas eu ainda estava muito bem em casa, aguentando o tranco com a bola de pilates.


Chegou uma hora que parecia que o meu útero ia explodir, eu já devia estar entrando na tal Partolândia. Acho que lá pelas 21:30 eu fui pro chuveiro e fiquei lá rebolando com a água bem quente caindo em mim. Eu já não conseguia marcar as contrações no aplicativo, essa era tarefa do maridex. A  contração vinha e eu ligava o chuveiro. Quando passava eu desligava. Eu sabia que talvez eu ainda teria um longo caminho pela frente, e decidi que eu não queria mais ficar em casa. Pra mim já era hora de ir pro hospital.


O hospital solicita às grávidas para só irem para lá quando as contrações estiverem a cada 5 minutos ou menos de intervalo, durando 1 minuto cada, e isso por pelo menos uma hora. A grávida também pode ir se ela já não estiver aguentando a dor, mesmo se o TP não estiver tão adiantado. No caso da bolsa estourar a grávida deve ir de imediato ao hospital, principalmente se ela possuir a bactéria Streptococo B na regão da vagina. Essa bactéria aparece na flora vaginal de cerca de metade das mulheres, é algo completamente normal, mas aumenta o risco do bebê ter uma infecção após o parto (risco de 1 em cada mil partos). Eu fiz o exame no final da gravidez e deu positivo, então não poderia ficar com a bolsa rota em casa. Por isso eu torcia muito pra minha bolsa não estourar antes do TP estar bem adiantado. Mas nesta hora eu já estava querendo muito ir pro hospital. Já era mais de 24 horas de TP, e ele já estava bem adiantado, com contrações com menos de 5 minutos de intervalo. Implorei ao maridex pra ele ligar na minha clínica e então irmos finalmente ao hospital. Lá eu teria outras formas de aguentar a dor, como a banheira grande com água quente e teria uma enfermeira para me ajudar. Eu estava com muita vontade de usar a banheira do hospital e ter uma enfermeira só pra mim!


Maridex ligou e a enfermeira que o atendeu disse que seria a hora de ir pro hospital só quando eu não aguentasse conversar durante as contrações. Eu juro que nessa hora me deu vontade de dar um murro nessa enfermeira pelo telefone! Primeiro porque o limite pra dor varia muito pra cada pessoa e segundo porque eu sou um ser que conversa mais que o homem da cobra, eu pude conversar (e bem!) até o último momento do TP. Eu disse isso pra ele (acho que fui até um pouco grossa) mas ele continuava a me fazer perguntas quando as contrações vinham, pra saber se eu poderia ou não conversar. Eu quase dei um soco nele nessa hora, mas ainda consegui me controlar.


Não aguentava mais ficar no chuveiro, então sai porque queria encontrar uma outra posição. Eu estava com muito calor. Quando cheguei no quarto tive um sangramento muito forte, jorrou sangue pelo chão. Eu sabia que aquilo era normal, não era um mal sinal, era só a minha pelve se abrindo. Mas o maridex vendo aquilo ficou meio desesperado e me disse pra irmos pro hospital naquele minuto. Eu agradeci a Deus pelo sangramento.


Como não temos carro, uma amiga nossa que mora muito próximo se ofereceu pra nos levar ao hospital. Ela já estava sabendo que seria naquela noite a qualquer momento e estava de prontidão. No prazo que eu coloquei uma roupa ela já estava na porta nos esperando.

O caminho até o hospital foi de 7 minutos e durante o percurso tive 2 contrações. Já sabíamos como é o procedimento de entrada, rapidamente estávamos na sala de triagem com a enfermeira obstetra. Primeiramente entrei na sala de triagem sozinha com a enfermeira obstetra, e lá ela fez o procedimento de rotina, antes de qualquer coisa ela me perguntou se eu me sentia segura em casa, se eu já havia sofrido qualquer tipo de violência doméstica, se o meu marido já havia feito qualquer coisa pra me intimidar e se eu gostaria mesmo que ele me acompanhasse. Na hora eu achei aquilo muito sem noção, mas depois eu percebi o quanto isso era importante, porque há sim mulheres que sofrem violência doméstica e pra elas a melhor escolha seria não ter seus carrascos como acompanhantes nesse momento. Maridex entra na sala e a enfermeira fez o exame de toque, eu estava com 5 cm. Metade do caminho já estava feito. Eu esperava que tivesse mais dilatação, mas fiquei feliz por não ser menos que 5. Da triagem caminhamos até o nosso quarto de parto. Pedimos o quarto especial com banheira, para termos um parto o mais natural possível. Era mais de 11 pm de segunda feira e lá estávamos. Em breve teríamos a nossa bebê nos braços.

Para continuar o relato de parto,clique aqui e vá para a parte 2.








2 de junho de 2014

Enquanto o relato de parto não chega... fotos!

No domingo a Liana foi na sua primeira missa, na igreja que ela será batizada no final deste mês. A mesma igreja que no domingo anterior eu tinha ido ainda com ela na barriga, poucas horas antes de entrar em trabalho de parto, e que na segunda feira, já com contrações, fui caminhando com o maridex para rezar para Nossa Senhora do Bom Parto me guiar.

Na saída da igreja passamos num parque e o dia estava tão lindo! Encontramos uma sombra e eu tirei algumas fotos da nossa monstrinha dorminhoca. Esta é a Liana, com apenas 5 dias de idade. Por ela eu e maridex estamos embasbacados, o amor só cresce apesar do cansaço, dos mamilos machucados, do leite empedrando. Ela é o nosso grande tesouro!





P.S.: Para tirar as fotos eu me arrastei na grama, tentando achar a melhor posição. Eu mesma fico surpresa com a disposição que tenho logo depois de ter parido. :)