28 de agosto de 2014

O dia mais difícil com a Liana

Quando me perguntam se a Liana é uma bebê boazinha eu sempre digo que sim, mas que ela tem seus momentos ruins. Acho que é assim com todos os bebês. Aliás, com todos os seres humanos. Se me perguntam se ela dorme bem a noite respondo que sim. Ela dorme 3 horas seguidas em média, mas algumas noites são ruins, quando ela acorda a cada 1 hora, e já aconteceu de ela dormir mais de 5 horas seguidas. Eu sei que muitos nenéns por aí dormem muito mais que ela, mas eu não reclamo. Sei que antes de ela entrar na faculdade irá dormir a noite inteira. :)

Assim tem sido os nossos dias e noites, uns melhores e outros piores. Sei que tudo tem o seu momento e que a Monstrinha tá crescendo, tudo muda muito todos os dias. Tenho uma teoria que formulei nos últimos dias: se um dia (ou noite) foi muito melhor que a média, o seguinte não será tão bom. E se um dia (ou noite) foi muito pior que a média, aguarde que o próximo será melhor.

Hoje quero contar como foi um dia muito ruim, o pior que já tive com a Liana, o dia que eu chorei com ela chorando no meu colo. Pra isso vou começar contando como foi o dia anterior.

Uma colega do Brasil estava aqui em Boston com mais 2 amigas brasileiras e eu, maridex e Liana fomos passear com elas. Era um domingo lindo e ensolarado, nos encontramos com elas no início da tarde e ficamos passeando até 9 da noite. Andamos muito, lanchamos, andamos mais, conversamos, jantamos e durante todo esse  tempo a Monstrinha quase não dormiu, estava super alerta, sorridente, mamava no peito enquanto eu caminhava, trocamos a sua fralda até no meio da calçada e ela estava linda e contente. As meninas ficaram encantadas com ela, em como ela é boazinha, quase não chora, é tão alerta e fofa.

No dia seguinte 2 das meninas foram fazer um passeio de barco e como a minha colega não quis ir, eu e Liana a acompanhamos num passeio ao Museu de Finas Artes de manhã. No início estava correndo tudo bem, a Liana chegou a cochilar no sling enquanto eu caminhava. No museu tudo ainda estava tranquilo, mas a Liana não dormiu lá. Saímos do museu para almoçar e ela começou a ficar muito agitada, não queria peito, chorava. Antes de irmos a um restaurante japonês eu consegui amamentar um pouco e ela se acalmou. Durante o almoço a agitação recomeçou. Eu ainda não tinha terminado de almoçar e tive que ficar de pé balançando a Liana. Era o único jeito para fazer ela parar de chorar. Fui ficando nervosa, afinal sempre achei muito chato estar num restaurante e uma criança ficar chorando. E agora essa criança chorona era a minha, e eu não conseguia fazer ela se acalmar. Peito ela rejeitava, e chegou um momento que nem balançá-la de pé resolvia. Paguei a minha conta rapidamente e corri, ou quase fugi do restaurante.

Fiquei na calçada esperando a minha colega sair. E ela demorou muito. Eu já estava desesperada, não sabia mais o que fazer. Depois de almoçar eu deveria encontrar o maridex pra irmos juntos fazer o pedido do passaporte americano da Liana. Mas daquele jeito não daria. Eu estava desesperada e liguei pro maridex, pedi pra ele nos encontrar lá para ele me ajudar e só depois que ela melhorar irmos resolver o passaporte. Assim que eu desliguei o telefone uma guarda de transito veio conversar comigo. Ela foi um anjo que Deus mandou pra me ajudar. Bom, é assim que eu penso, mas com certeza o dono do carro que ela tinha acabado de multar por estar estacionado irregular não pensa assim.

Ela me cumprimentou, olhou pra Liana e conversou com ela, disse que ela era uma bebê linda, que ela se parecia muito comigo, que ela não precisava de chorar. Neste momento eu quase chorei e a Liana parou de chorar, até sorriu para a mulher. Ela não ficou mais que 2 minutos conosco, mas foi tão bom, porque ela conseguiu nos acalmar até a minha colega  finalmente sair do restaurante. Eu a agradeci muito, e até hoje me emociono ao lembrar dela e da grande ajuda que ela me deu, talvez até sem perceber.

Como o maridex trabalha bem perto do local onde estávamos, rapidamente ele chegou. A minha colega ficou numa loja de departamento onde encontraria as suas amigas, maridex carregou a Monstrinha no colo enquanto fomos na agência de correios pra fazer o pedido do passaporte. Lá chegando a Liana mamou e dormiu nos meus braços. Voltei pra casa com ela e maridex voltou pro escritório.

Eu pensei que a Liana iria continuar calma no resto do dia, descansando, mas foi entrar em casa que ela se agitou novamente. Ela chorava e gritava. Eu que já estava muito abalada não aguentei, chorei junto com ela. Dei chupeta e ela não quis, peito não funcionava. Medi a sua temperatura e estava normal. Novamente pedi ajuda ao maridex, que saiu mais cedo do trabalho para acalmar as suas 2 choronas desesperadas.

Depois de muito carinho a Liana acalmou, dormiu no meu colo e foi pra cama. Nessa noite, depois de todo choro e ranger de gengivas, ela dormiu por 7 horas e meia. Ela nunca tinha dormido tanto em toda a sua vida fora do útero! E você que está lendo pode pensar que pra mim foi uma boa noite de sono, mas não. A  verdade é que eu acordava apreensiva a cada meia hora esperando pelo momento de ela acordar e querer mamar. E depois de 5 horas sem amamentar meus peitos encheram de leite, ficaram duros como pedras e doloridos. Tive que levantar, ordenhar os 2 peitos e fiquei acordada até que a Liana acordou pra mamar. Até pensei em acordá-la, mas eu preferi esperar porque sabia que ela estava muito cansada e que como ela está crescendo muito bem não precisa de ser acordada pra mamar.

Fico pensando se tudo isso foi um pico de crescimento ou desenvolvimento, se foi cólica, ou simplesmente cansaço. Difícil saber com certeza, talvez tenha sido tudo isso junto e combinado. Aqui na Gringolândia eu ouvi diversas vezes que ser mãe é viver dias longos e anos curtos. Deve ser mesmo. Ontem a minha filha completou 3 meses. Como passou rápido! Essa é a minha impressão, mesmo eu tendo vivido dias e noites bem longos.

Os dias difíceis são superados quando eu vejo este sorriso lindo da minha filha

23 de agosto de 2014

A primeira vez que fiquei sozinha com o cachorro Rambo

Eu já escrevi aqui sobre o nascimento da minha irmã prematura, e hoje vou contar sobre o nascimento da minha irmã mais nova, que faz aniversario hoje, 23 de agosto.

E o que o nosso finado cachorro Rambo tem a ver com isso?

O Rambo foi nosso cachorro por muitos anos. Ele era um pastor alemão grande, e lembro que quando ele morreu foi uma das vezes que mais chorei em toda a minha vida. O Rambo era um cão bravo com pessoas estranhas e a sua função basicamente era ajudar na segurança da nossa casa. Toda noite meus pais soltavam o Rambo no quintal e trancavam as portas de entrada da casa. Quando eu era pequena gostava muito do cachorro, mas tinha um certo medo dele. Até os meus 7 anos eu nunca tinha ficado sozinha com ele solto. Isso foi até aquela noite de 22 de agosto de 1990.

Eu tinha quase 8 anos de idade, meu pai estava viajando a trabalho e como sempre acontecia quando ele viajava, as minhas irmãs e eu estávamos no mesmo quarto que a minha mãe. Na época éramos 3 filhas e a minha mãe estava grávida da quarta. Eu geralmente dormia mais cedo, mas naquela noite eu fiquei acordada pra assistir Rainha da Sucata na cama com a minha mãe. Eu adorava aquela novela!

De repente senti a cama toda molhada. Virei pra minha mãe e falei "Que coisa feia mamãe, você fez xixi na cama!". Ela respondeu "Não, minha filha, é a sua irmãzinha que está chegando". O que?? Não entendi nada, como todo aquele xixi tinha relação com a minha nova irmã?

Não lembro de todos os detalhes, é claro. Mas lembro muito bem de como eu tentei desesperadamente acordar a minha irmã (na época com 6 anos) que estava dormindo no colchão aos pés da cama da minha mãe. E de como eu fiquei com raiva dela por ela não ter acordado pra eu dividir a notícia e a responsabilidade. Também lembro que eu fiquei muito nervosa e a minha mãe parecia o ser humano mais calmo do universo inteiro. Ela me disse que eu teria que ajudá-la e que isso era muito importante, mas simples ao mesmo tempo. A minha primeira tarefa era prender o Rambo na casa dele. Como eu senti medo! Mas a certeza da minha mãe que eu daria conta do recado me ajudou e eu consegui. Abri a cerca, ele entrou e eu tranquei. Ufa, foi até fácil! Decerto ele sabia que a minha irmãzinha estava pra nascer e ele tinha que cooperar.

A minha mãe telefonou para a madrinha da minha irmã, uma grande amiga da família que até hoje eu chamo de cumadinha. Ela chegou com o marido e a filha mais velha. A filha ficou conosco em casa enquanto os pais foram levar a minha mãe pro hospital. No dia seguinte acordei bem cedinho com a notícia que a minha irmã mais nova tinha nascido, estava tudo bem. Já a minha irmã acorda, a que dormiu como uma pedra a noite, vê a filha dos seus padrinhos lá em casa e pergunta com a cara mais songa-monga do mundo: "Ué, o que você está fazendo aqui? Cadê a minha mãe?" A minha vontade era de esganar a criatura. Contei a ela tudo o que aconteceu a noite e comemoramos juntas o nascimento da caçula da família.

Depois desse dia eu nunca mais tive medo do Rambo, nos tornamos amigos. E também depois desse dia eu aprendi que estar em trabalho de parto não precisa de ser um bicho de sete cabeças. É algo simples e natural.


18 de agosto de 2014

Minha filha já é uma cidadã brasileira!

É oficial, a Liana é brasileira!

Na semana passada fomos ao Consulado do Brasil para fazer a certidão de nascimento brasileira dela. Foi bem fácil, eu só precisei de levar a certidão americana de nascimento dela, certidões de nascimentos e passaportes meu e do maridex. Depois de algumas horas esperando atendimento saímos de lá com o documento em mãos.

Durante todo o tempo de espera no Consulado ela mamou 2 vezes, troquei sua fralda 3 vezes, ela vomitou no vestido lindo que ela estava usando e em mim (caiu vômito até na minha calcinha), e dormiu no meu colo depois de eu ficar balançando ela por meia hora.

Creio que no dia que fomos era o dia de tirar certidão de nascimento geral, porque tinha várias crianças lá com seus pais brasileiros. Uma das vezes que troquei a sua fralda no banheiro teve até fila de espera pra usar o trocador. O brasileirinho que trocou antes dela tinha 5 meses, um fofo. Quando aproximei com a Liana percebi que os dois eram paticamente do mesmo tamanho, apesar da Liana só ter 2 meses. Tenho uma bebê muito alta em casa!

Depois de sairmos do Consulado fui com a bebéia em seu vestido lindo vomitado tirar fotinha pros passaportes. É interessante que antes de conhecer o maridex eu não tinha planos de morar no exterior, apesar de já viajar bastante. Daí me caso com ele, temos uma linda filha e ela já nasce com direito a 3 passaportes: americano, brasileiro e britânico. Muito internacional essa minha monstrinha!

Os 3 passaportes terão a mesma foto. Pra tirá-la tive que segurar a Liana na frente de um fundo branco, enquanto a moça da loja tirava a foto. Como essa tarefa foi difícil! A Liana tá muito pesada, e ela não queria olhar pra frente de jeito nenhum, quando olhava fazia careta ou cara de rabugenta. De certo que não foi com a cara da moça. Não é pra menos, ela não sabia direito como tirar a foto, e depois tivemos que repetir tudo de novo porque ela cometeu um erro. No final fiquei com dor no braço de tanto carregar a Liana e seus 3 passaportes terão a foto mais engraçada de documento que já vi em toda a minha vida.

Já demos a entrada no pedido pro seu passaporte americano na agencia de correios daqui, e dia 25 de setembro, bem o dia do aniversário do maridex, teremos que voltar ao Consulado pra tirar o passaporte brasileiro. Tudo isso pra minha brasileirinha visitar nosso querido Brasil em outubro.



Mamãe, não quero tirar foto hoje!

7 de agosto de 2014

Amamentação - parte 2: o problema do excesso de leite

Como falei no último post, estamos na Semana Mundial da Amamentação, que é de 1 a 7 de agosto. E com toda a atenção voltada à amamentação eu descobri algo que me emocionou. O papa Francisco, no início deste ano, utilizou da amamentação para falar da fome no mundo, achei tão lindo. Eu gosto muito do Papa Francisco, e agora gosto ainda mais, vejam só o que ele contou em uma entrevista:

"Outro dia, a Audiência Geral de Quarta-Feira (diante do Vaticano), vi em meio ao público uma jovem mãe com um bebê de poucos meses. A criança estava chorando muito no momento em que eu passei. Eu disse a ela: 'Senhora, eu acho que seu bebê está com fome.' E ela respondeu: 'Sim, provavelmente está na hora... (de ele mamar).' No que eu disse: 'Então dê algo para ele se alimentar.'
Mas ela estava tímida e não queria amamentá-lo em público, enquanto o Papa estava passando. Eu gostaria de dizer o mesmo à humanidade: dê algo para as pessoas comerem. Aquela mulher tinha leite para dar ao seu filho; nós temos comida suficiente no mundo para alimentar a todos. Se nós trabalharmos com organizações humanitárias e concordarmos em não desperdiçar comida, vamos colaborar para resolver o problema da fome no mundo.
Eu gostaria de repetir para a humanidade o que eu disse para aquela mãe: Dê comida a quem está faminto! Que a esperança do Natal do Senhor abale sua indiferença."

Lindo, né?! E eu me esqueci de escrever no post anterior que um dos locais que eu amamentei foi dentro da igreja, durante o batizado da Liana. Antes da unção pós-batismal, eu estava amamentando a monstrinha e pedimos ao padre pra ele ungir as outras crianças primeiro e voltar para ungir a nossa por último. E foi tudo bem!

Mas o que quero contar aqui é de uns problemas que começaram mais ou menos quando a Liana estava com 8 semanas de vida fora do útero. O cocô do bebê é amarelo, e assim era o da Liana, até ele começar a ficar meio mostarda e depois ficou verde, muitas vezes contendo pequenas manchas de sangue. Na semana passada chegou a ser de um tom verde bem escuro, e isso não é normal. Além disso, quando ela evacuava ele saia mais aquoso e com bastante espuma.

Ela também estava mais manhosa e chorona que o normal, e as mamadas foram cada vez mais diminuindo de duração. E o pior é que ela estava com fome, eu estava com muito leite, ela estava chorando e quando eu a colocava no peito ela chorava ainda mais. As vezes de imediato e as vezes ela mamava um minuto ou mais e começava a berrar. Percebi que ela estava com muito gás, então eu a colocava pra arrotar antes, durante e depois das mamadas. Vi que o choro era por causado gás, ela mamava e doía a barriga, e muitas vezes eu até ouvia o barulhinho do gás na barriga dela.

A relação da Liana com os meus peitos passou a ser exatamente como a música, "entre tapas e beijos, é ódio, é desejo". Ela mamava, queria mamar, mas logo me empurrava, ficava agitada, largava o meu peito e chorava. E meus peitos ficavam pingando ou até saindo jatos de leite. Pra fazer ela mamar durante o dia eu tinha que acalmá-la pra depois ela mamar mais um pouco.

Com todos esses sintomas eu tinha certeza que era alergia a algo que eu estava comendo. Então parei de comer gluten, nozes, leite e seus derivados. Fiquei até com medo de emagrecer muito com tanta restrição e sair voando com o primeiro vento.

Depois de 3 dias de restrição, ainda estávamos com o mesmo problema. Nesse dia descobrimos aqui que possivelmente não era alergia o problema da Liana, e sim excesso de leite. Eu já tinha lido bastante sobre amamentação, mas eu não tinha ideia que o excesso de leite materno poderia ser um problema. Mas é como dizem, tudo em excesso faz mal!

O que acontece é que o leite que nós produzimos é perfeito, tem todos os nutrientes que o nosso bebê precisa. Mas conforme ele vai sendo produzido, ele fica armazenado no peito. Ele tem sempre a mesma composição, mas com o tempo a gordura do leite vai se acumulando mais ao fundo. Então quando o bebê começa a mamar o primeiro leite que sai, que é chamado aqui de foremilk, ou leite anterior, tem menos gordura e mais açúcar (lactose) e água. Depois de alguns minutos mamando sai o leite posterior, chamado aqui de hindmilk, que tem menos lactose e muito mais gordura. Mas acontece que se o neném começa a sugar e há muito leite, ele sai com muita pressão e a criança muitas vezes não sabe como lidar com toda essa quantidade. Então ela pode parar de mamar logo e assim não chega ao leite posterior, só o anterior que tem muita lactose. Como o sistema digestivo da criança ainda está muito imaturo, toda essa lactose não é digerida e forma o gás na barriga do neném. E assim se forma um ciclo vicioso: o bebê está com fome, quer mamar, mas mamando vem um jato de leite muito forte com muita lactose, e ele já está com gás e assim fica com mais gás ainda e não ingere a gordura necessária pra se saciar. Resultado: muito choro e leite sobrando no peito.

Com o tempo o corpo da mãe se ajusta à demanda do seu bebê e também o bebê aprende a lidar com o peito da mãe, mas isso pode demorar um pouco a acontecer.

A Liana teve uma consulta com a pediatra e vimos que ela está crescendo normalmente - ela é inclusive mais alta que 94% dos bebês da sua idade. A pediatra disse que é difícil saber com certeza se o nosso problema é excesso de leite ou alergia, já que sintomas são os mesmos. Mas se for alergia deve ser ao leite de vaca, então pelo menos eu poderia voltar a comer gluten e castanhas - Graças a Deus! E ela pediu que eu siga as orientações para o caso de excesso de leite.

O que estamos fazendo aqui:

- Parei de consumir leites e derivados (para o caso da Liana ter alergia)
- Parei de comer canjica (a minha família trouxe muita canjica do Brasil pra mim e todos me mandaram comer pra eu ter muito leite!)
- Quando a Liana vai mamar eu tento colocá-la numa posição acima do meu peito. Fico deitada e coloco ela deitada de bruços sobre mim. Assim o leite vai contra a gravidade, saindo mais devagar pra ela. É claro que só é possível fazer isso em casa.
- A cada mamada ela mama um peito por vez, nunca dou os 2 peitos numa mamada.
- Se o meu peito está muito cheio eu ordenho um pouco antes. Eu estava ordenhando com a bomba elétrica, mas isso fez aumentar ainda mais a minha produção. Agora ordenho manualmente num copo.
- Tento não tomar banho muito quente e longo, porque o calor estimula ainda mais a produção.
- Dou pra ela o mesmo peito em a cada 2 ou 3 mamadas seguidas. Durante esse período o outro peito parece que vai explodir de tanto leite, mas eu não dou pra ela e ordenho manualmente o excesso.
- Quando ela pega o peito e ainda está agitada e nervosa e a acalmo antes e coloco no peito novamente.
- Se ela ainda fica agitada no peito eu fico amamentando balançando o meu corpo com ela levemente, como dançando enquanto ela mama, assim ela se acalma.
- Deixo ela no peito por muito mais tempo, geralmente ela até dorme e fica mamando por mais de 20 minutos.

Com todas essas medidas está bem melhor as nossas mamadas agora. Eu vejo que ela tem bem menos gás, está mais feliz, e seu cocô voltou a ser amarelo. De vez em quando ele ainda sai meio esverdeado durante o dia, mas está cada vez melhor. E lembram que eu não queria dar chupeta de jeito nenhum? Agora não estamos dando mais!

Eu sempre rezei pra ter muito leite... É como se diz: cuidado com o que você pede a Deus, porque Ele atende!


4 de agosto de 2014

Amamentação - parte 1

Imaginem a cena: Eu no salão de beleza pra fazer a unha, a minha lá comigo pra cuidar da monstrinha Liana e a dita cuja começa a chorar e chorar. Enquanto ela chora os meus peitos até vazam leite. O que fazer? Eu simplesmente tirei um peito e dei pra ela enquanto fazia as unhas! E amei fazer isso!

Essa cena aconteceu no dia do batizado da Liana, quando a minha família estava aqui nos visitando. Eu nunca faço unha aqui (é muito caro!), mas nesse dia eu merecia, eu precisava. Então amamentei a Liana antes de ir e como não tive coragem de deixá-la em casa a ela foi comigo e a minha mãe foi para cuidar dela.

Esse é só um dos exemplos de locais inusitados que eu amamentei a nossa monstrinha. Quando ela tinha apenas 3 semanas de vida fizemos um passeio de catamarã para ver baleias em alto mar. Fomos eu, Liana, maridex, minha mãe, meu primo, sua esposa e filha. Enquanto a baleia dava um show, pulava, girava, mandava até tchauzinho, eu estava com a Liana nos braços, amamentando e ela todos nós felizes: eu por ver a baleia em seu habitat natural pela primeira vez e a Liana por estar mamando leitinho gostoso da mamãe.

Uma foto que maridex tirou do barco enquanto eu amamentava a Liana. Lindo, né?!

Antes da Liana nascer eu tinha um desejo enorme de amamentar. Eu também tinha medo de não dar muitos certo, medo de não ter leite, medo de não ter a pega correta, medo de doer demais, medo de não conseguir fazer em público.

Durante a gravidez o que fiz pra me preparar foi ler fontes confiáveis sobre a amamentação. Eu  não coloquei os peitos de fora pra tomar sol, não esfreguei os coitados dos mamilos com bucha, não passei creme nenhum nos bicos, e depois do segundo trimestre eu não usava sabonete nos seios durante o banho. Apesar de não fazer nada disso eu via as que o meu corpo estava se preparando para amamentar. Os mamilos ficaram bem escuros e as peitolas super sensíveis. Tanto é que durante o inverno eu sofri demais com dor de frio nas peitolas. E comigo não teve nenhum pinguinho de colostro saindo durante a gravidez. Mas isso é normal, e eu tinha fé de que ia dar tudo certo e o colostro sairia quando a minha filha sugasse pela primeira vez.

Assim como a Gabi disse neste post maravilhoso, eu também creio que a forma que a Liana nasceu tenha influenciado muito no sucesso da amamentação. Alguns minutos depois de ela nascer ela procurou meu peito, foi se arrastando até o meio seio esquerdo e eu nem precisei de ajudá-la. Ela fez isso sozinha em cima de mim, se guiando pelo cheiro do meu colostro. Foi tão incrível! O maridex tirou algumas fotos dela com a mãozinha no meu peito, se arrastando até ele. As fotos são lindas, mas como tem mamilo demais, um assunto polêmico demais não vou postar aqui. (Sorry!)

Eu tenho certeza que o fato de eu ter entrado em trabalho de parto, meu corpo estar repleto de ocitocina (o hormônio do amor), estar cercada de carinho, ter meu marido comigo o tempo todo, ter sido tratada com tamanho respeito pelas ginecologistas e enfermeiras que me atenderam, ter a minha filha em contato com a minha pele logo depois de ela nascer e ter respeitado o tempo dela pra ficar ali comigo até ela querer mamar - tudo isso foi essencial pra nós duas começarmos tão bem a amamentação.

Nos primeiros dias de amamentação eu tive dor nos mamilos. Eles ficaram bem sensíveis e um dia quando a Liana tinha 2 semanas chegou a sangrar um pouquinho. Mas não tinha rachaduras visíveis.Eu usei muito a concha de amamentação da Avent, porque ela protege bastante os bicos dos peitos. Além disso eu abusei da lanolina, eu passava após cada mamada e isso ajudou demais. Depois de 3 semanas tudo estava bem melhor. Hoje eu não uso mais, porque a pele dos mamilos já está bem grossa, já está bem acostumada com a Liana e sua boca voraz.

No início meus peitos ficavam muito cheios, era muito leite e a Liana não dava conta do recado. Quase todos os dias eu acordava com os peitos duros como pedras, e isso dóis. A solução era ordenhar com a bomba elétrica que tenho, ótimo, rápido e indolor. Eu tinha que tirar leite para não dar mastite mas também não podia tirar muito para não aumentar ainda mais a produção. Meio complicado isso!

Eu ordenhava o leite e jogava fora na pia depois. Isso chega a me cortar o coração, jogar fora um alimento tão bom. Mas aqui não se usa doar leite, ou pelo menos não é comum como é no Brasil. Procurei saber se havia como eu doar, mas não encontrei nada. As pessoas aqui chegam a achar estranho dar leite de outra mãe a um bebê. No Brasil esse leite é tão importante, ele ajuda tantos bebê, principalmente os prematuros. E aqui eu jogando pelo ralo o meu leitinho...

Antes de parir eu tinha muito receio quanto amamentar em público. Aqui na Gringolândia no geral as pessoas são muito mais conservadoras que os brasileiros com relação a peito de fora. Mas até agora não tive nenhum problema com isso. Além de ter amamentado num salão de beleza e num barco em alto mar, também já fiz no metrô, em restaurante chic, em restaurante normal, em uma sorveteria, em cafeterias, em alguns parques, numa feira, na casa de amigos, num estacionamento, no mercado e andando na rua algumas vezes (e sem precisar de parar!). Algumas dessas mamadas foram sem pano por cima pra tampar, foram peitos ao vento mesmo. E só pude me sentir ótima por estar alimentando a minha filha com o leite quentinho e delicioso produzido por mim! Ai, que orgulho!

Eu comecei a escrever este post há muito tempo, sempre que a Liana deixa eu escrevo um pouquinho e salvo como rascunho. Por isso tenho muitos rascunhos aqui! Alguns já nem tem mais sentido serem publicados. Mas como esta é a semana mundial de aleitamento materno e aqui na Gringolândia eu fui na sexta passada num evento tão legal, o Big Latch On, então terminei este post e ainda esta semana quero escrever mais sobre amamentação e contar sobre um problema que estamos tendo. Aliás, estávamos tendo! Acho que já passou e não é nada grave, a Liana continua mamando e ela nunca precisou de mamar mamadeira.