31 de julho de 2014

Tummy Time


Tem certas palavras e expressões que são impossíveis traduzir do inglês pro português ou vice versa. Traduzir tummy time ao pé da letra seria "hora da barriga", mas não faz sentido algum. O tummy time é simplesmente colocar o bebê de bruços pra fortalecer os músculos do pescoço e ombro. É o que dá o suporte necessário da cabeça da criança para mais tarde ela rolar, sentar, engatinhar e andar. Também auxilia no crescimento simétrico do crânio - para a cabeça não ficar achatada de tanto o neném ficar deitado de costas.

Antigamente os bebês dormiam de bruços, diziam que era a melhor posição para evitar acidente no caso do bebê vomitar. Mas atualmente a recomendação é que os bebês durmam com a barriga pra cima, o que diminui o risco de morte súbita. Por isso as crianças de hoje em dia ficam menos tempo de bruços. Para resolver isso os pediatras aqui na Gringolândia recomendam que os bebês façam tummy time por cerca de 20 minutos por dia, desde o primeiro dia de vida. É essencial que seja feito sempre com a supervisão de alguém, e sempre quando o bebê estiver acordado.

Como é muito difícil pra eles manter o pescoço e erguer a cabeça, os nenéns detestam ficar deitados sobre a barriga. Aguns detestam mais que outros. A Liana não odeia tanto. Ela fez o tummy time pela primeira vez quando tinha 2 dias de vida fora do útero, e hoje, com 2 meses de idade, ela tem um controle da cabeça que até impressiona. Eu quase nunca consigo fazer ela ficar 20 minutos por dia sobre a barriga, mas eu tento. Coloco ela pra fazer quando ela está de bom humor, com a fraldinha limpa, barriga cheia e bem acordada. Ela no início até gosta, mas depois de alguns minutos começa a reclamar.

Pelo que conversei com algumas pessoas, os pediatras no Brasil não costumam recomendar o tummy time desde tão cedo, mas gostei muito de colocar a Liana pra fazer desde o início. Além de todos os benefícios, dá pra tirar umas fotos dela bem legais enquanto ela está nessa posição. Antes dela começar a reclamar, é claro..



Nesta foto a Liana tinha 4 dias de vida fora do útero

Aqui com 6 semanas

A minha monstrinha com 7 semanas

Olha a força que ela já tem com 7 semanas


9 semanas: "Mamãe, eu to tentando engatinhar!"

28 de julho de 2014

A maldita chupeta, OU a bendita plasticuda, OU a arte de cuspir pra cima

Eu sempre disse que nunca daria chupeta aos meus filhos. Mesmo antes de engravidar, sempre tive essa ideia. E quando engravidei esse foi um dos principais pontos que maridex e eu discordamos. Ele argumentava que a chupeta supostamente diminui a incidência de morte súbita em bebês. E eu tenho uma lista de motivos para não usar a plasticuda:

- Pode atrapalhar a amamentação
- A criança pode apresentar alergia ao látex ou outras substâncias presentes na chupeta
- Pode alterar os lábios, deixando a criança com a boca aberta, o lábio inferior caído e superior encurtado
- Pode causar deformações na face, com o crescimento desarmônico dos ossos
- Pode acarretar problemas ortodônticos
- Nenhuma chupeta é anatomicamente igual ao bico do peito
- Muitas crianças ficam viciadas na chupeta
- Pode prejudicar a respiração, mastigação e fala

Além disso tudo ainda tem as minhas razões de caráter meramente emocionais:

- Eu nunca usei chupeta
- Ninguém na minha família usou
- Acho estranho colocar um troço de plástico na boca de uma criança. A verdade é que acho feio pra caramba, na boca de bebês e mais ainda em crianças maiores (pronto, falei!)

Esses últimos itens são minha opinião pessoal, e eu sempre respeitei muito quem dá ou deu chupeta ao filho. Mas acho feio a coisa de plástico na boca de uma criança.

MAS...

Eu já dei chupeta pra Liana! :(

Bom... começando do começo. No dia que a Liana nasceu percebemos que ela tinha bolhas nas duas mãozinhas. Eu achei aquilo bem estranho e não tinha ideia do que fosse. Perguntei às enfermeiras, era efeito de ela chupar tanto suas mãos no meu útero. Depois vi que ela tinha bolha também na parte de dentro do seu lábio superior. Também efeito de chupar as mãos. Eu nunca tinha ouvido falar de um bebê nascido com bolhas de tanto chupar! Acho que ela gosta de chupar, morder e sugar mais do que os outros bebês.

Mas nos primeiros dias da Liana eu achei que isso fosse motivo pra eu ser forte, dar muito peito e não dar chupeta de jeito nenhum.

Algumas vezes aconteceu de estarmos andando de carro, a Liana começou a chorar muito e não era possível eu amamentar. Para acalmá-la eu dei o meu dedinho pra ela chupar e funcionou.

A Liana dorme bem a noite, mas durante o dia geralmente é muito complicado. Alguns dias ela dorme, mas na maioria das vezes ela luta com todas as suas forças pra não dormir. Ela pode estar pingando de sono, mas tenta se manter acordada. Quando é assim eu deixo ela no meu colo quase o dia todo pra ela descansar. E se eu coloco ela na cama ela acorda pouco tempo depois. Quando é assim no fim de tarde ela fica muito chorona, não é fome, não adianta dar peito, o esquema é ficar balançando ela no colo.

O tempo foi passando e eu vi que o meu marido as vezes dava chupeta pra ela acalmar quando ela estava chorando muito nesse horário crítico. No início eu pedi a ele para não dar. Depois eu comecei a fingir que não via. Na semana retrasada, quando a Liana estava com 7 semanas, eu aceitei o maridex dar chupeta pra ela e, mais ainda, eu mesma dei. Eu me rendi a chupeta porque vi que ela é um ótimo método pra fazer a Liana descansar e dormir nesse horário. Me senti péssima! Eu não contei isso pra ninguém da minha família. Estou contando aqui no blog. É a prova de que a maternidade é mesmo cuspir pra cima pra cair na própria testa.

Eu ainda tento não dar chupeta, dou só quando estamos fora de casa e o choro dela não é fome, ou quando ela está extremamente cansada, não quer dormir e não quer leite. A chupeta a ajuda se acalmar e dormir nessas ocasiões. De uns dias pra cá venho usando menos a plasticuda, a Liana está dormindo melhor durante o dia. Espero que assim continue! E que um dia ela pare com esse vício de querer chupar dedo, chupeta e tudo o que ela vê pela frente... :)


19 de julho de 2014

Relato de parto - parte 3



Se você não leu ainda o início do meu relato de parto, basta clicar aqui pra acessar a primeira parte e aqui pra acessar a segunda parte.


É interessante que eu tinha receio de durante o TP eu perder a noção de tudo, não saber falar inglês ou entender a língua, mas isso não aconteceu. Eu conseguia compreender e falar tudo. Mas perdi completamente a noção de tempo e não percebi muita coisa que aconteceu a minha volta. Para escrever este relato tive a ajuda do maridex pra lembrar de algumas coisas.

Eu nunca tive medo da dor do TP, mas eu tinha medo de na hora H ficar com medo do fim do processo. Sim, medo de ter medo! Seria um medo de parir, de sentir a minha filha saindo pelo canal vaginal, medo do famoso círculo de fogo. Mas eu não tive isso. Depois de quase 40 horas TP, aquele  era o fim e o que eu sentia era uma força, uma vontade danada de parir.

Eu estava preparada psicologicamente para empurrar por muito tempo. Comentei com a enfermeira Donna que eu sabia que o expulsivo poderia durar muitas horas. Ela me disse que isso é comum sim, mas que o meu duraria menos de 2 horas com certeza. Isso me deu muito ânimo pra começar.

A Donna e a médica me ensinaram a posição que eu deveria fazer para empurrar. O pé esquerdo eu colocava no ombro da Donna e o direito no ombro do maridex. Eu poderia tentar outra posição, de lado por exemplo, mas sempre deitada na cama. Como eu havia tomado epidural não seria seguro tentar ficar de quatro apoios ou agaixada.

A médica chegou com um espelho grande e me perguntou se eu queria ver a bebê saindo. Uau, como eu não tinha pensado nisso antes! Se eu tivesse, até teria colocado o espelho no meu plano de parto… Respondi a ela que sim e agradeci. Depois o maridex me contou que foi ele quem pediu à GO o espelho. Ele lembrava que em um dos vídeos que assistimos na aula de parto a parturiente usou o espelho durante o expulsivo. E eu nem lembrava disso!

A médica colocou o espelho e eu a orientei para posicioná-lo do melhor jeito para me permitir ver tudo o que acontecia lá em baixo. Ela e a Donna me explicaram como teria que ser a força para empurrar. É algo simples, a mesma força de fazer o número 2 quando se está com prisão de ventre. Eu já sabia disso, mas com a epidural a vontade de empurrar que eu sentia antes, já não sentia mais. Além disso fazer a força sem estar sentindo de fato é bem difícil. Eu disse isso a elas, e elas concordaram, disseram que aprender a fazer a força certa poderia levar pra mim o tempo que fosse necessário, seria tudo bem, elas esperariam. Me disseram ainda que muitas mulheres precisavam de bastante tempo pra aprender a fazer a força certa. Primeira tentativa, tentei e consegui! Olhei no relógio na parede, era quase 11 am.

Era assim: a contração vinha, eu sentia a pressão chegando e a Donna também via pelo monitor (eu tinha 2 sensores na minha barriga presos por cintos elásticos: um monitorava as contrações e outro os batimentos cardíacos da bebê). Na contração eu apoiava as pernas na Donna e no maridex, fazia força por 10 segundos e parava pra respirar. A cada contração eu fazia força 3 vezes.

Logo após a primeira contração a médica comentou que a bebê era bem cabeluda e o maridex também viu isso. Mas eu não tinha conseguido ver e então a médica com o dedo pegou no cabelo da neném e puxou pra fora. Uau! Era muito cabelo mesmo! Um cabelo lindo! O cabelo da minha filha, e já estava assim saindo. Eu achei lindo e ri.

Tendo o espelho era maravilhoso, porque além de ver o cabelo da bebê eu via o quanto eu tinha empurrado, via a minha filha quase saindo. A cada contração que eu empurrava era como se a bebê tivesse andado 1 passo para fora, e entre as contrações era como se ela tivesse retrocedido 0,9 passo pra dentro. No início eu sempre olhava no relógio, mas vi que o tempo não importava, eu tinha só que me concentrar em empurrar. E tudo bem se fosse só 0,00001 milímetro a cada contração.

A médica não ficou conosco o tempo inteiro. Não precisava da presença dela ali. Mas quando ela estava presente sempre me encorajava e elogiava. A Donna também me ajudava assim o tempo todo. A cada contração elas diziam que a bebê estava quase saindo. E estava mesmo, eu via isso pelo espelho. Eu via que por mais que ela voltava um pouco pra dentro nos intervalos, a cabeça estava ficando mais e mais perto da saída do canal.

No início eu não conseguia sentir quase nada, por causa da anestesia, mas no decorrer do processo fui sentindo as minhas pernas, mais pressão, as contrações ficando mais fortes e a dor. E doía sim. A dor de trazer a minha filha pra fora, pra ter ela nos meus braços. E conforme a dor ia aumentando a minha vontade de fazer força também.

Quando a contração vinha eu avisava os meus apoios (Donna e maridex) e rapidamente colocava meus pés em seus ombros. Algumas vezes acabava batendo neles, mas eu nem me importava, era a pressa em empurrar. O maridex me pediu cuidado pra não machucar a Donna duas vezes. Na segunda vez me deu vontade de bater nele! Como assim eu to parindo e ele  tá preocupado com a enfermeira? E claro, a Donna me apoiou, disse que eu poderia dar coices nela a cada contração. Meu nível de ocitocina estava a mil e tudo o que eu queria naquele momento era parir, não importava se pra isso eu tivesse que dar coices, murros ou pontapés, rs!

Chegou um momento que a cabeça estava quase de fora, eu não vi ou ouvi nada mais ao meu redor, decidi que era a hora. Fiz força por bem mais de 10 segundos, respirei e mais força, e… PLUFT! A cabeça saiu, e eu vi! A médica então me pediu pra eu ir com a mão e pegar minha bebê. Eu na hora não esperava isso de jeito nenhum, fui com as minhas mãos por debaixo das minhas pernas. Mas assim não daria, daí o maridex pegou as minhas mãos e levou elas pro lado certo - por cima das minhas pernas. Foi muito rápido, nisso os ombrinhos já estavam saindo também. Fui e peguei a minha filha com as minhas mãos e a trouxe para mim. A acolhi junto ao meu peito. Ela chorou assim que saiu, mas parou quando ficou assim comigo. Olhei o rostinho dela, era a coisa mais linda que eu já tinha visto na minha vida inteira. Toda molhada, macia, rosada e linda. Olhei pro maridex ele estava aos prantos, chorando de felicidade.

A médica falou pra ele pegar a nossa câmera fotográfica que estava em cima da mesa ao lado. Ele pegou e tirou algumas fotos. Mas isso eu não vi. A Donna e a médica limpavam a bebê, sem tirar ela de cima de mim, colocaram um capuzinho nela. Também não vi isso. Cobriram ela com um pano limpo. Ficamos ali, nós três juntos. A minha família.

Não sei quanto tempo depois, a médica perguntou ao maridex se ele queria cortar o cordão umbilical. "Mas é claro que sim!". Ela o entregou a tesoura e disse que seria a mesma consistência de cortar carne de frango crua. Eu vi ele cortando, e como ele ficou feliz em fazê-lo. Também não sei quanto tempo levou para a placenta sair. Eu senti quando ela saiu. A médica a analisou e me perguntou se eu queria ver. "Mas é claro que sim!". Olhei e comentei que ela era linda. A médica sorriu e concordou.

O maridex sempre teve um nome preferido para dar para a nossa filha, e eu tinha muitos nomes na minha lista. Eu não tinha certeza. Decidimos que só iríamos dar o nome mesmo no dia que ela nascesse. Por isso não tínhamos contado o nome preferido do maridex pra ninguém. Agora que ela estava nos meu braços, olhei pro maridex e falei: “Sim, meu amor, ela se chama Liana. A nossa Liana.” Choramos e rimos juntos.

Eu perguntei pra Donna se eu poderia amamentar já. Ela me disse que não, que a hora certa seria quando a Liana procurasse. Eu então esperei. Até que ela começou a se arrastar sobre mim, virou o rostinho pro meu peito esquerdo e pegou com uma mãozinha o meu mamilo. Era a hora! A Liana procurou o mamá e achei isso incrível e maravilhoso. Ela sentia o cheiro do colostro. E então encaixei o peito na boca da minha filha.

E ela sugou. Sugou muito forte. Eu não esperava que fosse fazer com tanta força. Pedi ajuda pra Donna pra tentar fazer a pega melhor pra amamentar. Por mais que eu tivesse lido e me informado muito sobre amamentação, eu sabia como teria que ser a pega na teoria, mas na prática eu estava começando ali, e achei difícil enfiar a aréola toda dentro da boquinha tão pequena da Liana.

O hospital incentiva a prática do skin to skin, que é simplesmente deixar o bebê em contato com a pele da mãe logo após o nascimento. Pode parecer que isso é lindo e só. Mas não, é muito importante para o bebê, principalmente para a regulação da sua temperatura. E lá estávamos nós. A vitamina K foi dada enquanto ela estava comigo. Ela mamou, tiramos fotos, nos olhamos, estávamos nos conhecendo, e durante todo esse tempo ninguém me pediu pra levá-la. Em um momento eu perguntei pra Donna quais eram as medidas da Liana. Ela me respondeu que ninguém sabia, já que desde que ela nasceu ela ficou comigo. Ah bom, e eu sorri.  A Liana ficou sobre mim por cerca de 1 hora. Ela foi pesada e medida no quarto sobre os olhares amorosos do pai dela.

Durante todo esse tempo a minha família estava alvoraçada no Brasil. Temos um grupo de chat no whatsapp e todos queriam notícias. Contamos a eles que eu estava em TP só pouco antes de ir pro hospital. Depois que ela nasceu o maridex enviou fotos e a minha irmã que está se formando em medicina, que é a madrinha da Liana, nos perguntou as medidas da bebê. Eu amei a reposta no maridex: "Medidas perfeitas!". Ela disse que queria os números e ele explicou que não sabíamos ainda. A bebê estava com a mãe, as enfermeiras estavam esperando o nosso tempo pra medir a Liana. A resposta da minha irmã: "Isso sim é parto humanizado!".

Tive laceração e durante esse tempo a médica me deu três pontos. Os dois primeiros foram indolores, mas o último doeu um pouco. Sobre o parto em si, o que lembro é que o círculo de fogo queimou de verdade. E após o nascimento eu ainda senti uma dorzinha por cerca de 3 horas. 

Permanecemos no quarto de parto por 2 horas, e depois fomos para o quarto pós-parto. Lá nesse quarto nós três ficamos por dois dias. Ele era do mesmo tamanho que o quarto de parto, e também privativo. Durante esse tempo tivemos visitas de amigos que convidamos, tivemos o cuidado de enfermeiras amorosas e prestativas, eu tive muita ajuda de consultoras com a amamentação, visita de uma ginecologista e de dois pediatras. A Liana ficou conosco quase o tempo todo, e só na segunda noite eu pedi pra ela ficar no berçário por 2 horas pra maridex e eu dormirmos um pouco melhor.

No primeiro dia a Liana não tomou banho. No segundo dia nós pedimos e ela foi banhada por uma enfermeira, que nos deu dicas sobre o banho. Em momento nenhum ela foi aspirada ou recebeu qualquer procedimento que não nos fosse informado antes e que nós não concordássemos.

Durante o período pós parto, ainda no hospital, eu me sentia cansada, por falta de dormir. Mas eu não tive dor, nem no local dos pontos, nem na barriga. Os mamilos doiam, estavam bem sensíveis, mas era melhor do que eu esperava.  A minha pressão estava ótima, eu estava muito bem disposta e tinha muita energia pra amamentar, cuidar da Liana e paparicá-la.

Aqui na Gringolândia não é necessário levar roupinhas para vestir o bebê, apenas uma para deixar o hospital. Lá eles nos oferecem pacotes de fraldas descartáveis, pente e shampoo de bebê, tudo isso podemos levar pra casa. E para vestir há bodies brancos e vários cueiros que são enrolados nos bebês.

Foram ao total 40 horas de trabalho de parto, sendo 27 em casa e 13 no hospital. As 20 primeiras horas foram bem light, só começou a ficar mais dolorido depois disso. Foram apenas 45 minutos de expulsivo. A Liana nasceu ao som de Carinhoso cantado pela Elis Regina, às 11:35 am de Boston, 12:35 pm de Brasília, com 49 cm e 3,120 kg. Mais tarde eu descobri que eu e Liana nascemos no mesmo horário e com as mesmíssimas medidas. A minha mãe me disse que eu a imitei. Mas talvez tenha sido a Liana que resolveu me imitar ao chegar neste mundão-lindo-de-meu-Deus.



A primeira foto da Liana com a sua mãe. Gosto do detalhe lá em baixo - o cordão umbilical

A enfermeira limpando a nossa bebê em cima do meu colo

Uma das minhas fotos favoritas, mostra a minha cara de admiração por este ser tão pequeno e lindo

Uma neném fresquinha, recém saída do forninho!

A minha linda monstrinha cor de rosa

Diga X para a foto!

Os pezinhos mais lindos do mundo

A primeira foto da família

O skin to skin também foi feito com o papai

O primeiro banho da Liana em seu segundo dia de vida. Não foi a melhor experiência dela, e atualmente ela adora os banhos dados pela mamãe ;)

16 de julho de 2014

Relato de parto - parte 2



Se você não leu ainda a primeira parte do meu relato de parto, clique aqui.


O nosso quarto de parto era bem espaçoso. Tinha uma banheira grande, bola de pilates e uma enfermeira só pra mim. Seu nome era Jean, uma senhora calada, mas muito doce. A cada contração que vinha ela me apoiava, me segurava e dizia pra eu respirar, que eu estava fazendo tudo direitinho, que estava tudo bem. Ela me dava água pra beber, me perguntava se eu queria comer alguma coisa ou beber algo além de água. Foi fundamental pra mim ter o apoio tanto da enfermeira quanto do maridex.


O meu local preferido pra suportar a dor das contrações foi dentro da banheira. A água era bem quente, o que me ajudava muito. Eu ficava abraçada na borda, que estava coberta com uma toalha pra ficar mais confortável pra mim. No intervalo de cada contração eu cochilava, e quando as contrações vinham eu me mexia, ficava mais no centro da banheira até passar. Quando passava eu voltava pra borda. A Jean ficava lá o tempo todo, ajudando no que fosse preciso e me vigiando pra eu não me afogar. E sempre ela monitorava os batimentos da bebê com um aparelho que era a prova d’água. Estava tudo indo bem, inclusive durante todo o tempo ouvíamos músicas que eu tinha escolhido e faziam parte do meu playlist para o parto.

Durante as contrações eu fazia careta e depois dava até pra sorrir pra foto


Eu já li relatos de mulheres que não sentiram a famosa vontade de empurrar, ou que sentiram só na hora  certa mesmo. Pra mim, antes de chegar no período expulsivo eu já tinha a vontade de empurrar. Era uma vontade fortíssima, uma coisa doida de se sentir. Ela vinha com as contrações e basicamente era uma vontade imensa de fazer o numero 2. Eu nunca tinha sentido tanta vontade de cagar em toda a minha vida! Rs! Falei isso pra Jean e ela me pediu pra eu segurar, que não era hora ainda. Se eu começasse desde já a empurrar poderia me machucar. Eu segurei, mas foi bem difícil, parecia quase impossível pra mim não fazer força, de tão forte que era. Cheguei até a pensar na possibilidade de querer usar o banheiro, mas sabia que não era isso, já que eu tinha feito o número 2 várias vezes durante a primeira parte do TP que passei em casa, foi um limpa-intestino-geral. E além disso a vontade só vinha durante as contrações.


A médica que estava de plantão era uma das minhas preferidas da clínica. Ela vinha sempre, checava como eu estava e fazia o exame de toque quando eu pedia. Eu estava dilatando bem, em média 1 cm a cada uma hora e meia. O cansaço ia batendo forte e de 2 am até 5 am a minha dilatação parou em 8 cm. Não passava disso. Eu tentava caminhar pelo quarto e usar a bola. Na banheira eu não queria mais entrar, estava cansada da água e do calor. Fiquei na bola de pilates até quase cair cochilando. Isso me fez ver que o cansaço estava me vencendo. A Jean e o maridex me ajudavam muito, mas estava difícil pra mim por causa do sono. A médica veio, fez um exame de toque, vimos que eu ainda estava com 8 cm de dilatação e também ela viu que a bebê estava virada. Pra cabeça se encaixar direitinho na pelve, a parte de trás da cabeça deve estar voltada pra frente da barriga da mãe. Mas a minha bebê estava com a cabeça virada do jeito contrário. No decorrer do trabalho de parto ela viraria, mas eu estava exausta pra aguentar mais tempo e principalmente seria difícil pra mim empurrar com todo esse desgaste de 2 noites seguidas sem dormir. A médica conversou sobre isso conosco e decidimos que eu precisava de descansar. Eu sabia que a solução era tomar uma anestesia epidural, eu já tinha visto um caso semelhante num vídeo. Com a epidural eu poderia  dormir enquanto a minha pelve dilataria. Foi essa a sugestão da médica que eu aceitei feliz depois de mais de 30 horas de trabalho de parto.


O maridex tinha receio que se algo que estivesse fora dos meus planos precisasse ser feito eu ficaria chateada ou me sentiria menor. Mas isso não aconteceu. Fiz o que eu podia, cheguei no meu limite da exaustão. A dor em si não era o problema, era como a música do Lulu, ela vinha como ondas do mar e passava. A cada contração eu me sentia mais perto de parir a minha filha. Mas ficar 2 noites seguidas sem dormir estava me derrubando.


As médicas e enfermeiras do hospital tinham nos dito durante a minha gravidez que no quarto de parto que tem banheira eu não poderia ter anestesia. Se eu quisesse uma epidural eu teria que mudar de quarto. Mas isso não foi verdade. A anestesista chegou no nosso quarto rapidamente, e no intervalo entre contrações, tomei a epidural e após alguns minutos ela começou a fazer efeito. Eu ainda sentia uma dorzinha do meu lado direito, mas ainda assim eu apaguei. Dormi pesado durante cerca de 3 horas, mas para mim é como se tivesse sido muito mais. Essas 3 horas foram o suficiente para descansar o meu corpo e renovar as minhas forças. Durante o meu sono havia trocado o turno de plantão, a nossa nova enfermeira era a Donna, uma senhora mais falante que a Jean, muito prestativa e simpática. E a nova médica não era a minha GO, mas também uma das minhas preferidas da clínica. Na consulta que tive com ela gostei muito da sua energia, simpatia e seu bom humor.


Mas assim que acordei eu estava muito incomodada com a minha posição na cama. Eu precisava de mudar e rápido. A Donna não estava no quarto naquele momento, e o maridex estava dormindo, então mesmo com as pernas dormentes consegui me mexer com ajuda das minhas mãos e virei sozinha para o outro lado.  Depois que mudei de posição algo estranho aconteceu. A cada contração que vinha, que antes não doía quase nada, começou e doer muito entre o meu quadril e a minha coxa direita. Era uma dor fortíssima. Por mais que não doesse toda a área que eu sentia antes, ainda assim era terrível. Porque se antes eu podia me mexer para suportar a dor, agora eu estava presa na cama, com as pernas dormentes e eu não podia controlar o meu corpo. Assim eu não ia conseguir prosseguir.


Eu gostaria de ter o meu parto o mais natural possível, por isso eu não queria ter anestesia. Mas agora que eu tinha tomado epidural, eu havia perdido o controle sobre as minhas pernas, a parte ruim e que era esperada, mas a parte boa da epidural eu não estava tendo, que é não ter mais dor. Eu cheguei a pedir que fosse cessada a epidural, porque assim a dor seria forte, mas pelo menos eu teria de volta controle total sobre o meu corpo.


Um anestesista veio, eu expliquei o que estava acontecendo e eu pedi que ele tirasse a epidural, mas ele sugeriu que fosse aumentada a carga da anestesia, mas eu sabia que isso não faria parar essa dor. Eu conversei com a Donna, e depois com a GO, e ambas me compreenderam. Uma outra médica anestesista chegou, ela era muito simpática e ainda hoje lembro que ela se parecia com um anjo, de tão linda que ela era. Ela conversou comigo, e me disse que era difícil saber a causa do que estava acontecendo. Mas ela disse que ela poderia tentar resolver administrando uma anestesia espinal e refazer a epidural. Senão resolvesse iríamos simplesmente cortar a anestesia.


Na hora não entendi direito o que ela explicou, eu só queria que algo fosse feito, ou pra parar a dor ou pra me permitir controlar o meu corpo novamente. Mas uma coisa ela disse, que mesmo que fosse cessada a anestesia, iria demorar um tempo pra eu ter controle das minhas pernas.


Ela fez o procedimento, recolocou a epidural e administrou a espinal, e minutos mais tarde a dor do lado direito foi diminuindo até parar por completo. Um tempo depois, era cerca de 10 am, a GO chegou, me examinou e nos deu a notícia de que estava tudo certo, bebê na posição e a minha pelve com 10 cm de dilatação. Ela já conseguia ver a cabeça da bebê, que estava bem em baixo, prontinha pra sair. Era hora de empurrar! Eu fiquei tão contente, num excitamento, uma sensação gostosa. Pedi então que desligassem a anestesia totalmente, eu queria sentir tudo o que fosse possível. Eu não tinha noção de tempo e nem vi direito o que acontecia a minha volta, mas maridex me contou depois que tanto a Donna quanto a médica prepararam algumas coisas pro parto. A Donna colocou uma espécie de avental cirúrgico por cima, trouxeram alguns materiais que não tinha antes. Eu não vi nada disso, só sabia que esse momento era o mais esperado. Já fazia quase 40 horas que o TP tinha começado e agora era a fase final.



Esta é a última foto minha grávida, minutos antes da fase expulsiva
Para continuar a ler o relato de parto, clique aqui e vá para a parte 3.

8 de julho de 2014

Meu gringo e minha meia brasileirinha torcendo

E eis que a mamãe aqui é mais enrolada que o enroladinho de queijo! To curtindo a minha bebê Liana, e por isso to tão sumida deste blog e de todos os outros. Perdoa eu?!

Enquanto o resto do relato de parto não sai venho dar notícias: da última vez que fomos na pediatra vimos que a Liana ganhou mais de 2 kg em 2 semanas, ela está super bem, cada dia mais linda, e seu único problema é aguentar a mãe babona e beijoqueira que ela tem, rs! É sério, eu não canso de dar beijinhos nela! A Liana tem hoje 1 mês e 11 dias, e parece que ela sempre fez parte das nossas vidas. Estou tendo muito leite, mas a minha produção parece que se adequou à demanda dela, porque não acordo mais com os peitos doloridos e duros como pedras, como acontecia até uns dias atrás. Meus mamilos estão já super bem, e a Liana nunca mamou uma mamadeira.

E agora quero imitar o meu querido Jorge, e vou aqui postar os meus torcedores preferidos do Brasil, vindos diretamente da Gringolândia!




Go Brazil!!!